Em setembro de dois mil e seis, o então seminarista Carlos Afonso Gonçalves de Sousa, participou junto com os demais seminaristas e reitor, do retiro canônico anual do Seminário Teológico Nossa Senhora de Guadalupe da Diocese de Joinville. Retiro que aconteceu no Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo de Tenente, Paraná.
Ao final do retiro, o seminarista Carlos Afonso, que já tinha ido ao mosteiro várias vezes, sentiu um chamado à vida monástica muito forte. Porém, isso, naquele momento era algo inusitado, visto que estava muito feliz como seminarista e já estava na reta final de sua formação teológica. Voltou para o seminário e realizou uma dedicada experiência de oração e discernimento par entender realmente o que Deus desejava. Após alguns meses, o chamado foi esclarecendo-se. Não era para ser monge, mas Deus o chamava para construir um centro de espiritualidade parecido com um mosteiro. Onde as pessoas e grupos pudessem ir realizar retiros e encontros de espiritualidade. E uma manhã, ao acordar, veio-lhe toda a proposta de instalações desse centro de espiritualidade. Levantou-se e começou a desenhar em duas folhas de papel as construções que o centro teria e suas disposições. Entre os elementos da proposta que lhe veio, tinha uma fonte. E no final do desenho, o nome surgiu, Eremitério Santa Maria dos Anjos.
Pronto! Era isso então o que Deus queria. Agora é terminar a teologia, ordenar-se diácono, presbítero e trabalhar para comprar um terreno e buscar recursos para fazer o Eremitério. Veio a ordenação diaconal em dezoito de dezembro de dois mil e sete, e a presbiteral em trinta e um de maio de dois mil e oito.
Foi escolhido como pároco da Paróquia Cristo Ressuscitado que fica em um dos bairros da cidade de Joinville – SC. Envolveu-se com atividades da paróquia, mas o sonho do eremitério estava ali, latente. Em dois mil e nove chegou a procurar terrenos, mas os valores eram por demais altos para seu rendimento. Deus iria providenciar, com certeza, no momento certo. A obra era inspiração d’Ele! E assim aconteceu, no dia primeiro de maio de dois mil e dez, após a celebração do Dia do Trabalhador, Padre Carlos Afonso junto com o então seminarista Marcos Roberto Ferreira seguiram mais dois jovens para o município de Barra Velha a fim de verificarem um local onde seria realizado um Acampamento da Juventude da Paróquia Cristo Ressuscitado. Acampamento que acontece tradicionalmente no mês de julho, e consegue reunir mais de cem jovens. Após visitarem e aprovarem o local de acampamento, que era um CTG, Padre Carlos Afonso e os demais foram tomar um café na casa do Sr. Laudemar Weber e de sua esposa Sra. Nair de Souza Weber, que bem no interior do município de São João do Itaperiú, vizinho à Barra Velha. Padre Carlos Afonso encantou-se com o acolhimento da família, sua vida simples, mas confortável de agricultores. Pediram para dar a bênção na casa, ele deu. Na sequência pediram para dar a bênção em mais três casas, de parentes e amigos. E assim ele fez na verdade uma mini-missão. Retornando, final do dia a Paróquia, Padre Carlos Afonso dizia ao seminarista que tinha gostado muito do povo e do lugar.
E que ali seria um bom lugar para a construção do eremitério Santa Maria dos Anjos, projeto que o seminarista ainda desconhecia. Porém, ao estar a par de toda a prosposta, Marcos Ferreira que já tinha feito estagio de pastoral naquela região disse ao Padre Carlos que o povo era muito católico ali, e que realmente tinham muitas terras, e que seria bem possível uma família doar-lhe terra para o eremitério. Assim, acertaram para o início de julho de dois mil e dez para retornarem à região e reunindo o povo falar sobre o projeto. Porém, no dia nove de julho de dois mil e dez, voltando à Paróquia de Barra Velha pra acertar mais alguns detalhes do acampamento, Padre Carlos Afonso encontra-se com o seminarista Marcos Ferreira que já estava de férias e hospedava-se na casa de Dona Maria Benta Gadotti, coordenadora do Conselho de Pastoral do então setor São João do Itaperiú. O seminarista apresentou Dona Maria Benta ao Padre Carlos e esse falou-se sobre o projeto. Ela ficou muito feliz e motivada, dizendo que era tudo o que aquela região precisava, a presença fixa de um padre e um centro de espiritualidade que levasse as pessoas para lá. Anotou o telefone do padre e ficou de lhe dar um retorno, visto que iria conversar com as famílias da região. No dia seguinte, dia dez de julho de dois mil e dez, por volta das dez da manhã, Padre Carlos estava visitando os doentes de sua paróquia quando Dona Maria Benta ligou. E se deu o seguinte diálogo:
– Padre Carlos?
– Sim!
– Aqui é Maria Benta!
– Quem? – O Padre tinha bem presente a Senhora Benta Eugênia Cardoso, uma das formadoras da Liturgia da Diocese, mas de um dia para o outro tinha esquecido do nome “Maria Benta”.
– Maria Benta, aqui de São João do Itaperiú!
– Ah, sim!
– Caiu a ficha? – Perguntou ela brincando. – Padre, estou ligando para o senhor para lhe dizer que o senhor já tem o terreno para construir o Eremitério!
– Como é que é?
– Isso, aqui tem um casal que está doando a terra que o senhor precisa para construir o Eremitério!
Sob forte emoção, padre Carlos Afonso marcou então a ida na segunda-feira ao município novamente para conhecer os doadores e as terras que estavam sendo doadas. No dia doze de julho, por volta do meio dia, padre Carlos Afonso estava chegando, junto com o seminarista Marcos Ferreira, na casa do Sr. Claudio José de Borba e de sua esposa a Sra. Isabel Souza de Borba.
Casal de idosos que a quase dez anos desejavam doar parte de suas terras para a Igreja, visto que, a porção que desejavam doar, era considerada sagrada para o Sr. Claudio, era onde ele tinha nascido e sua mãe tinha falecido.
Após o almoço, sua filha Valdete de Borba desenhou numa folha de papel como era a disposição da terra. Padre Carlos aproveitou a mesma folha e fez um rascunho das instalações do Eremitério e lhes falou que já tinha um nome para o centro de espiritualidade. Após falar o nome e a padroeira que teria. Viu que o casal e todos da família que estavam presentes emocionaram-se. Padre Carlos pensou que era por causa do nome ser bonito. Mas Valdete logo explicou a emoção. Há muito tempo o pai queria doar a terra, mas ainda não tinha dado certo. Por isso, fazia dois anos que toda segunda-feira eles se reuniam à noite na sala da casa do pai para rezarem um terço para Nossa Senhora pedindo que os anjos dela trouxessem alguém para usar em nome da Igreja aquela terra. E o padre dizia que o nome do Eremitério era Santa Maria dos Anjos. Desta feita, o padre emocionou-se também e disse que tinha certeza que tinha encontrado a terra que Deus desejava. Após a conversa foram visitar o lugar, completamente preservado em sua vegetação, e para a surpresa de padre Carlos Afonso, na raiz de uma árvore encontra-se uma fonte que verte água abundante do lençol freático. Deus confirmava tudo! Foram quase seis hectares de terras doados.
A partir da doação foi instituída uma Associação com Estatuto e CNPJ próprios, com diretoria e tesouraria. Abriu-se uma conta na Cooperativa Sicredi. Foram feitos os projetos arquitetônicos pelo Engenheiro e Arquiteto Paulo de Oliveira num valor bem abaixo do mercado. Todo o terreno recebeu uma topografia e memorial descritivo feito pelo Topógrafo José Luis Boing. A escritura do terreno está sendo encaminhada. Através de autorização do IBAMA, foi realizado corte raso nas áreas onde serão construídas as instalações do eremitério. Os cortes de árvores foram feitos com a ajuda do Sr. Nelson de Borba, um outro lenhador contratado chamado Joelso, e por fim, toda a finalização ficou com o Sr. Jose Mader, o Zezinho, com ajuda de sua Esposa a Sra. Cilda Mader, a Preta, moradores da região. Pe. Carlos Afonso trouxe por quatro vezes jovens recuperandos da fazenda da Esperança que ajudaram na limpeza e carregamento de lenha no terreno.
Foi também construída de maneira provisória uma casa de madeira, com banheiro e piso de alvenaria, com a ajuda do Sr. Nelson Borba e do jovem Rodrigo Luiz Delmonego. Casa que servirá de apoio para as construções. Acolhendo os pedreiros e guarda de material. O Sr. Ivan Steffens, que tem uma empresa de terraplanagem, gratuitamente, com várias máquinas, terraplanou o terreno e o preparou para as construções.
Também com a doação do terreno e este com uma fonte, a fonte que aparece desde a inspiração quando era Pe. Carlos ainda seminarista, começou a esboçar-se um carisma. E de acordo com o que se rezou, refletiu e se experienciou, o que Deus parecia inspirar é que o carisma do eremitério para a Igreja e para o Mundo seria o resgate do significado do Batismo cristão. Suscitar nos demais batizados o valor e significado do viver como sinal da presença de Cristo no mundo.
No dia vinte e dois de agosto de dois mil e dez, dia de Nossa Senhora Rainha do Universo, por volta das três da tarde foi realizada a primeira missa no local da futura capela do Eremitério. A santa Missa e a reunião que ocorreu antes foram os marcos para a fundação da Associação do Eremitério.
Desde esse dia, todos os meses, acontece o Encontro de Irmãos, pessoas ligadas ao Eremitério desde sua Fundação. Tanto Fundadores, que são sete pessoas. O moderador Padre Carlos. Os Eremitas que seguem a Regra de Vida e os Amigos do Eremitério, pessoas que estão sendo preparadas através de Formações anuais e Retiros para seguirem a Regra de Vida do Eremitério. Em cada encontro avaliam, planejam e celebram a caminhada.
No dia vinte e um de agosto de dois mil e onze, Pe. Carlos Afonso foi transferido para São João do Itaperiú como vigário do Setor Pastoral São João, que fazia parte da Paróquia Divino Espírito Santo de Barra Velha. E em quatro de dezembro de dois mil e onze, com todas as providências canônicas e administrativas tomadas, o Setor São João, foi criado Paróquia tendo como primeiro pároco o Pe. Carlos Afonso. Sua vinda para o lugar foi uma sugestão dada pela Associação de Presbíteros da Diocese de Joinville sendo ratificada pelo Bispo Dom Irineu Roque Shoerer que desde que tomou ciência do projeto e da proposta da comunidade de vida, apoiou e incentivou o projeto que com certeza enriquecerá ainda mais espiritualmente a Diocese.
E no dia dezoito de março de março de dois mil e doze, em um domingo, véspera do dia de São José, Esposo de Nossa Senhora, às dez horas da manhã, aconteceu a Missa com lançamento da Pedra Fundamental do Eremitério, tendo como principal obra a Capela Santa Maria dos Anjos. A santa Missa foi celebrada no terreno do Eremitério, onde foi construída a Capela Santa Maria dos Anjos, o primeiro prédio das 46 construções que irão compor esse Centro de Espiritualidade. E essa história de Amor continua… Já se vão sete anos…